sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Poemas Sobre o Mar - A história por trás da música

"Poemas Sobre o Mar" foi uma canção composta em dois momentos distintos.

Depois de um ano puxado e de muito trabalho, eu estava em Floripa, no apartamento de "uma amiga de uma amiga", lá na Barra da Lagoa. Acho que era novembro ou dezembro, não estou bem certo. Dia de sol. O primeiro das minhas férias. Peguei o violão (que sempre me acompanha nesse tipo de viagem) e me veio aquela sensação de paz, de tranquilidade.

Foi essa paz, tradução da vontade de me desapegar das coisas desimportantes, que me inspirou os primeiros acordes (uma combinação com cordas soltas que eu gosto muito); junto com os acordes, vieram as frases que formariam o refrão:

"Agora eu estou entregue
o meu lugar é no teu ouvido
dizendo poemas sobre o mar
Passou a tempestade
eu vou cuidar do teu sorriso
dizendo poemas sobre o mar"
Logo percebi que o refrão seria o ponto alto da estória que eu queria contar. De sua vez, os versos deveriam traduzir as tensões do dia-a-dia, aquela vontade de chutar a porta, que acaba quando entra o refrão, e o sujeito percebe que ele pode contemplar a vida e cuidar do que realmente importa.
Bom, com aquele sol, com aquela paz e com aquela praia, era quase impossível escrever sobre tais 'tensões'. O máximo que eu fiz foi estabelecer a 'harmonia' dos versos. Pra isso, um pouco de técnica ajuda. Como o refrão é em "sol maior" (G) construí o verso em "mi maior" (E), pois G não faz parte do campo harmônico de E e vice-versa. Essa 'modulação tonal', fazendo com que uma música que tenha tônica em mi (E) passasse para sol (G) no refrão, por si só, já criava uma tensão legal.
Bom, a letra do verso veio bem depois. Estava cheio de trabalho, mudando de cidade e com várias confusões na minha vida. Na verdade, escrever foi uma barbada.
Seguem os versos, omitindo o refrão:
"A tristeza batendo e eu chorando demais
volto pra casa mas não vou demorar
tanta gente correndo e eu querendo te ver
um oceano de mágoas entre eu e você.
Eu digo daqui a pouco você diz nunca mais
teus olhos brilhando no passado é demais
correndo na chuva, não tenho onde parar
um Canguru Voador sobrevoando a minha paz
(Refrão)
Já nem tento explicar pois ninguém vai entender
sempre perguntam o que deu em você
Vítimas da paciência, eu não posso esperar
meu coração agitado, a mente quer silenciar
Cotovelos dançando dentro do elevador
olhos marejados, ouvido mercador
o pensamento distante: o tempo vai melhorar?
em Porto Alegre tá quente, em Floripa vou te amar.
(Refrão)"

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